terça-feira, 1 de maio de 2012

A Viagem da Madrugada

Viajar no sono, em um jogo, num mangá ou em um vídeo? Não sei, enquanto isso a música calma e tranquila me embala a um estado de quase "euforia zênica". O piano é sutil e ao mesmo tempo violento. Estou bêbado, estou pálido, estou acordado. Quero teu corpo, quero meu corpo, na cama, nu, a meia luz. Vermelha, da cor do pesadelo que tive ontem, seria um sonho, seria real, seria meu. Minha viagem estaria completa se não fosse isso, se não faltasse nada, se não me enchesse a cabeça de vazio. A viagem vazia, a viagem da madrugada...


domingo, 18 de março de 2012

Delírios do eu lírico...

Agora sim eu percebi, sinto o calor e um pouco mais. Não era assim, era sem mim, suave brisa e tanto faz. A dor não é calor, ouvi dizer que sou capaz de alimentar a minha flor com teu suor pois não há mais incerteza que corrompa, sei que não mais.

O peso que carrego agora é leve, e de tão leve levo embora a tristeza sem demora. A vida não consiste no que disse, não me arrependo, sei que existe, na leveza de uma aurora fui saber que te teria, algum dia, numa outrora.

Não tem erro sem acerto, vou me entregar e me afogar na entidade que é teu ventre, e acender, vou me acender em sua luz enquanto ardente. Vai entender que minha paz é tua paz se o corpo entende. É o que diz à minha alma, a tua alma não desmente.

A vida é dura e se envaidece enquanto aturo tua moldura, solto chamas, me enlouquece. Me faz viver te envenenar, o sangue pulsa em meu pulso e se estremece.

Enquanto as sombras se escondem por detrás de nós, a vida flui eu sei que influi, vamos gritar numa só voz. Vem comigo, não demora e goza todo o teu prazer, se deleite não suspeite, não há mentira nem há farsa, essa é a graça da minha raça, eu sou seu não se desfaça. Nem de graça, nem por nada, só me tenha eu sou tua taça. Vem me bebe, sou fumaça e álcool puro no escuro.

Mas não confunda minha flor, a droga pura em seu sabor, nada mais é que a beleza da pureza do amor, o meu amor por você.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A última cartada

Afogado, isso, afogado na escuridão... O que fazer se a penumbra me consome, e a luz já não me persegue na mesma intensidade? O que fazer se já não há mais cores nesta alma desventurada? O que fazer quando o horror me arranca aos poucos a paz que tranquilizava?

Espere, tem alguma coisa errada, alguma coisa está faltando... Onde estão meus prazeres? Onde estão meus delírios? Onde foi que perdi minhas volúpias? Talvez, tenha sido na escuridão, no cheiro leve das curvas molhadas, agora distantes e febris... Estou sedento por plumas novas, penas que só me dão pena da vergonha que tancastes em meu peito, e agora já não sei se quero seguir a diante com esses velhos brinquedos que trago desde minha infância... Quero trocá-los por inocência, por pureza, mas não posso e isso me dói, mesmo que tentasse carregá-los do fim até o início. Estou regredindo inutilmente, e não é para o fim...

Apenas cuspo todo o anseio pra fora, tudo o que nunca esteve aqui dentro, essa fumaça fétida... Quando foi que aparecestes em meus pulmões? E agora respiro vagarosamente uma dor fina e aguda... Mas lampejos de esperança ainda fulguram o meu céu, movendo o universo a um fim que nunca teve início... E mesmo sem ter nada aqui dentro, o fogo continua acesso, as asas são fracas mas ainda planam cortando o seu ego, me aproximo de você e é tudo o que eu quero... Oh doce desejo, és tudo que preciso, a cartada final, o pesadelo mais sublime... Me devora, mas sem nenhuma tara, me mastigue, mas sem nenhuma fome, me perfure, mas sem nenhum rancor ou prazer... Apenas me tenha que eu sou teu, apenas teu, amor, razão da minha existência.......

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Para reflexão nordestina, brasileira e mais do que tudo, humana...


Ao me deparar com recente ocorrido em que algumas pessoas do Sudeste "apedrejaram" os nordestinos, culpando-nos por uma fraude e consecutivo cancelamento do vestibular ENEM do ano de 2011 (que na verdade eu nem sei se foi cancelado mesmo), resolvi deixar minha opinião expressa nesse humilde blog. Sinceramente, acho que muitos estão vendo pelo lado errado do problema...

Xingar os outros que difamam o Nordeste e dizer que tem orgulho daqui, é o mesmo que se igualar aos outros em ignorância. Eu sei que todos gostam de sua terrinha querida, e odeiam ser vítimas inocentes, mas de boa, pra quê dizer que tem orgulho de ser nordestino e xingar o outro lá do sul do país, sabendo que o Brasil todo é um só? Não vêem que estão apenas criando um abismo desnecessário em nossa sociedade já tão desgastada? Por que ao invés de nos separarmos mais ainda, não colocamos em prática todo nosso patriotismo que temos em campeonatos e copas mundiais de futebol ou em eventos parecidos como as olimpíadas? Ou é tudo uma faixada? Que pena, a faixada parece funcionar fora do nosso país...

Enfim, palavrões são afiados e agridem eu sei, mas sei também que violência só gera violência. Não estou defendendo os agressores, nem tão pouco desprezando nosso orgulho, o que estou querendo dizer é que saber respeitar a opinião alheia vai muito além de respeitar por educação os que não te respeitam. Respeitar é ter equilíbrio, e equilíbrio é paz interior. Me digam uma coisa, algo mudou ou pode mudar pro bem deles enquanto eles nos xingam? Me digam outra coisa, algo mudou ou pode mudar pro nosso bem ao respondê-los com indiferença? Pois é, eu acho muito bonito pessoas defendendo sua querida região, mas e quanto a defender o seu próprio país contra malefícios muito maiores? Ou a própria humanidade quem sabe?

Respeita-te pessoa, tendo em mente que enquanto você não respeita o próximo, desrespeitas a si mesmo. Afinal, "somos todos iguais, braços dados ou não". Pense nisso...

CCE - Começou Conhecendo Errado (?)


Não sei se é uma visão única ou se já tiveram uma visão igual ou parecida, se for me avisem, mas eu particularmente gostaria de ver o povo do bloco CCE (UFPI) mais unido, tipo, os cursos envolvidos mais em eventos produtivos do que apenas peladas e campeonatos de futebol valendo grades de cervejas, ou festas e calouradas para gerar lucro para terceiros. Acho que tá faltando um "quê" a mais nessa estória. Nem mesmo as fotografias que os estudantes de jornalismo expõem, ou as próprias exposições de obras do curso de artes parecem dar jeito. Parece que o povo gosta é da "bagaça" e do termo "fuleragem". Nem as pessoas do próprio curso se respeitam com Trotes sem sentido no início de cada período... (tá, isso eu sei que tem em todo curso)

Vejam bem, nossos cursos tem tanto em comum, será que ninguém percebe? A pedagogia que usa a arte e a comunicação para educar, a música que move o mundo com sua forma artística para unir gostos e pessoas diferentes, a própria arte que é antes de tudo uma forma de comunicação real ou surreal e que ainda é usada para educar! Não sei se é por que estou fazendo o curso de Artes Visuais, mas estou enxergando tudo com uma outra "lente" depois que me envolvi com o mesmo. Parece que eu desejo mais das coisas ao meu redor, me parece que tudo poderia ser bem melhor do que já é, e que todos temos as armas pra mudar isso, mas nem todo mundo o vê. Mas, o que fazer quando nem todos percebem ou querem fazer parte da gestalt que é a sociedade e assim se perdem no mais ínfimo e profundo poço que é o casulo do próprio indivíduo e do individualismo?

Sei lá, acho que seria mais interessante se fôssemos todos mais unidos, mesmo com todas as desigualdades. Acho que respeitando mais nossas diferenças, não esquecendo de valorizar mais as igualdades, faria toda uma diferença.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Palavras...

Palavras pra desabafar. Palavras pra compartilhar. Palavras para entreter. Palavras pra isso, palavras para aquilo... Palavras são tão cheias de significados, que as vezes acabamos engolindo todas elas de volta, por não saber usá-las. Elas são tantas e tão complicadas que, existe um livro só para destrinchar os seus sentidos. Eu mesmo, me embolo sempre com elas. Tão tal que prefiro ficar calado as vezes, e é bom.

Essas figuras disfarçadas de sinais, as vezes me deixa paranoico. Quando estou no messenger, por exemplo, se a pessoa do outro lado não colocar um emoticon, logo penso que ela está séria ou indiferente quando digita alguma coisa. A escrita é mesmo muito fria e exata, ela tem esse poder de enganar as pessoas, mesmo quem as usa, e mesmo sem querer. Muitas vezes dizemos coisas para tentar explicar algo e somos surpreendidos pela reação de nosso locutor, justamente por "mentir" quando na verdade não queríamos omitir a própria verdade. As vezes, também lemos / escutamos só o que queremos, daí o perigo da escrita.

Eu particularmente prefiro as imagens do que as palavras. Sei me expressar bem melhor usando elas. Com um desenho, não preciso dizer mais nada. Com uma palavra, sempre sinto uma vontade de tentar expressar melhor o que eu quis dizer. Para mim, imagens são grandiosas, e palavras são minúsculas. É como já dizia a Cássia Eller "Palavras apenas / Palavras pequenas / Palavras...".

E como isso me é uma verdade, vou parando por aqui, já que provavelmente nunca irei me contentar com tais pequenas palavras...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Madrugada Moderada

No meio de toda aquela confusão, pessoas, carros e motocicletas seguiam com os seus destinos, quase que majestosamente destinados a um fim, sem fim. Enquanto a pressa acelerava cada vez mais o tardar da noite, a incerteza inflava em um peito, ali, não muito distante. Só a adrenalina gerada ao pensar em conseguir conquistar aquele ideal, naquela hora, era perigosa o bastante para querer fazer voltar atrás. Era tarde demais, e apenas o início de uma noite emocionante. E no meio do caminho, no vai e vem dos acontecimentos, tudo havia dado errado, e certo ao mesmo tempo.

Qual seria o lugar ideal para se presenciar a concepção da felicidade? Um lugar vazio e cheio ao mesmo tempo, talvez. Vazio em espaço, e cheio de expectativas. E o que era vazio, logo foi preenchido com amizades verdadeiras, acompanhadas por uma leve chuva passageira, que apesar de mal interpretada por alguns, tinha a clara e cristalina impressão de estar tentando unir a todos ali presentes. E conseguiu. Na adormecência da noite, as coisas ainda fluíam devagar, assim como o restante dos pensamentos embaralhados, e ainda não digeridos, que sobraram de todos aqueles dias novos e complicados da semana inteira. O som sujo e vulgar embebedava aquele local e a todos em sua volta. Desconhecidos, indefinidos, definidos e decididos era o público que compunha o recinto. E finalmente quando a madrugada acordou preguiçosa, a chuva foi embora satisfeita e uma nova música abrilhantou com luminescência.

Uma voz suave e feminina enfatizava sentimentos e emoções reais, vividas em um dia qualquer e corriqueiro, tornava aquele momento especial. Os traços de sua beleza exótica eram harmoniosos, tanto a própria forma, quanto ao som. Os trajes que cobriam aquela pele branca e delicada, a maneira como o seu corpo fluía com as reverberações dos alto-falantes, a boca simples que vez por outra deixava escapar expressões de impulso esteticamente artísticas, juntamente com aqueles olhos quadrados e claramente desinibidos, apenas ali, naquele momento de explosão sublime, visual, sonora e espiritual. Todos os instrumentos ali contidos naquele conjunto musical tinham uma especificidade delicada e diferente, e mesmo assim, cada palavra era entendível. E aquele peito, que mais cedo da noite não parava com tantas incertezas, agora estava totalmente hipnotizado, jorrando energias de felicidade em sintonia com o conjunto daqueles sons. Da voz deusificada, em especial.

Mas a felicidade, assim como tudo na vida, é coisa passageira, como o prazer final de um ato sexual, como o desfecho de um ato teatral, como o término de uma obra artesanal. E ela foi assim, surpresamente embora, bem no meio da madrugada. E apesar do fim, não era o fim afinal, a noite seguia agitada, embora para ele já tivesse sido suficientemente agradável. E aquele peito se conformou com a idéia de que provavelmente aquela voz jamais seria sua, algum dia. Então decidiu perambular por ai, cidade a fora, com o vento, acompanhado por fora, mas sozinho por dentro.