sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A última cartada

Afogado, isso, afogado na escuridão... O que fazer se a penumbra me consome, e a luz já não me persegue na mesma intensidade? O que fazer se já não há mais cores nesta alma desventurada? O que fazer quando o horror me arranca aos poucos a paz que tranquilizava?

Espere, tem alguma coisa errada, alguma coisa está faltando... Onde estão meus prazeres? Onde estão meus delírios? Onde foi que perdi minhas volúpias? Talvez, tenha sido na escuridão, no cheiro leve das curvas molhadas, agora distantes e febris... Estou sedento por plumas novas, penas que só me dão pena da vergonha que tancastes em meu peito, e agora já não sei se quero seguir a diante com esses velhos brinquedos que trago desde minha infância... Quero trocá-los por inocência, por pureza, mas não posso e isso me dói, mesmo que tentasse carregá-los do fim até o início. Estou regredindo inutilmente, e não é para o fim...

Apenas cuspo todo o anseio pra fora, tudo o que nunca esteve aqui dentro, essa fumaça fétida... Quando foi que aparecestes em meus pulmões? E agora respiro vagarosamente uma dor fina e aguda... Mas lampejos de esperança ainda fulguram o meu céu, movendo o universo a um fim que nunca teve início... E mesmo sem ter nada aqui dentro, o fogo continua acesso, as asas são fracas mas ainda planam cortando o seu ego, me aproximo de você e é tudo o que eu quero... Oh doce desejo, és tudo que preciso, a cartada final, o pesadelo mais sublime... Me devora, mas sem nenhuma tara, me mastigue, mas sem nenhuma fome, me perfure, mas sem nenhum rancor ou prazer... Apenas me tenha que eu sou teu, apenas teu, amor, razão da minha existência.......

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